quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aquela lá

Difícil olhar pra trás, difícil olhar meu rosto no espelho e enxergar que sou assim, que posso eu ser assim...
Posso ser carranca, carrasca, posso ser macabra.
Onde está aquela? Aquela lá??! Não sei, ainda não sei.
E se te encontro, me perdi.
E lá se vai toda a pitada de maldade que eu colhi durante todo esse percurso.
Todos os espinhos que amontoei, onde estão? Foram todos para o ar.
E lá se vão meus planos, onde os deixei? Estava escuro e agora vejo luz.

E agora sou outra, e agora? Quem sou?
A dor me consumiu e definhei, me encolhi, me suguei...
Voltei, grande de mim, voltei pra mim.

E sinto.
Guardei tudo debaixo do colchão e eu que pensei que estava no tal cantinho, quartinho...
Não existe.
Apenas o breu do cemitério longe.

E assim sumimos embaixo do guarda chuva. Naquela chuva longa e delonga...
E na volta? Sem volta.
E dentro? Inverso.
Universo, disperso.

Senti, sinto, sei, sou, fui, morri, nasci...
E ainda choro, e ainda definho, e com tantos inhos esqueci.
Nem sei mais o que doeu tanto, virou cinzas, queimou.

E na mesa do bar, com novos ares, sorrisos e risos, sentei.
E ri madrugada a fora, e fui embora.

Silvana

(Pra vc msm)

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